Faz algum tempo em que parei de olhar doramas porque a história era sempre a mesma em quase todos. Também passei a perceber os pontos machistas na cultura asiática e isso foi me deixando cada vez mais desanimada em relação a esse tipo de mídia (isso não é o que irei tratar aqui).

    Pois bem, o Netflix então me sugeriu o Dramaworld. Um pouco desempolgada para assistir, acabei deixando me levar pela sinopse, pelo fato de que são dez episódios com cerca de quinze minutos cada. Até pensei que em quinze minutos a série não me prenderia.

    Foi logo depois de pensar isso e de assistir os primeiros oito minutos que eu comi a série. Verdade. Assisti um episódio atrás do outro loucamente. Mas primeiro, vamos saber um pouco mais sobre ela? #simbóra!

DRAMAWORLD

    Lançada esse ano (2016), Dramaworld é a primeira série original Viki. Para quem não sabe, Viki é um serviço de de streaming de filmes, séries e outras categorias de conteúdos asiáticos. Você pode ter acesso aos programas sem precisar pagar nada, mas haverá propagandas durante a programação e a qualidade do vídeo é bem baixa ou pagando um pouco menos de cinco dólares por mês para assistir a programas antes dos usuários free, com melhor qualidade e, lógico, sem aquelas propagandas chatas no meio do beijo entre o mocinho e a mocinha.

    Voltando ao que interessa, Mundo do Drama, traduzido em português, foi produzido na Coreia do Sul e no Estados Unidos. Criada e produzida por Josh Billig (roteirista) e Chris Martin (diretor e roteirista. E não, não é o cantor do Coldplay).

    E o que eles conseguiram fazer comigo foi que nenhum outro dorama fez: me colocar no lugar da personagem principal. Explicando o que isso significa, nossa personagem, Claire (Liv Hewson) é uma pessoa viciada em ~ claro ~ doramas. Com vinte anos, uma vida universitária e trabalhando no restaurante do seu pai, ela junta tudo isso na “caixa da sofrência”, coloca seu fonezinho e não importa onde dá play no Taste of Love, sua série favorita do momento.

    Seu pai por outro lado, exige dela um certo nível de concentração e maturidade no trabalho, não entendendo o que o que se passa na vida da filha. Muitos pais não conseguem entender o que os filhos querem, não sabendo lidar com situações extremas ~ como é o caso de Claire que não consegue desgrudar do seu dorama ~ e agem com a cabeça quente. Esse foi o ponto que mais achei legal na série, mostrar a realidade da vida de pessoas como a Claire. A gente sabe que falta um pouco de consideração dos dois lados, mas né, as coisas geralmente acontecem desse jeito.

    Mesmo com seu pai a criticando, ela só tem olhos para a sua série favorita por causa do Joon Park(Sean Dulake), seu ídolo master (quem nunca viu todos ou quase todos os doramas daquele ídolo asiático lindão?). A série que Claire assiste é a sua válvula de escape, é aquele momento em que ela sai da sua realidade e colocar os sentimentos a flor da pele (aquele sentimento que você não tem na vida real, sabe?). Vidrada nisso, Claire nem percebe o que está acontecendo em sua volta e sem mais nem menos se transporta para dentro da Taste of Love! Isso mesmo! Claire dá de cara com o trio amoroso do drama na cena exata que ela estava vendo! Será que foi mágica? Ou vudu? Ou roteiro? (ishi!)

    Claire entra ~ caindo como uma bomba ~ no Mundo do Drama. É um universo paralelo onde são feitos as séries coreanas. Mesmo ela não sabendo coreano, Claire consegue se comunicar e entender todos naquele mundo porque tudo é legendado (eita que essa tecnologia podia ter nesse mundo, né?). Ela é resgatada por Seth, um moço que também caiu de paraquedas nesse mundo. Mas a ida deles para lá não é por acaso! Eles são Facilitadores. São figurantes que ajudam as histórias se encaixarem e aos mocinhos ficarem juntos no final. Eles conversam sobre as regras escritas em um livro e claro que a Claire está disposta a ajudar o seu ídolo master a ter um final feliz.

CONSIDERAÇÕES

    A trama se desenvolve de uma maneira diferente dos outros doramas, ela te envolve enquanto te faz pensar: “eu podia ir parar dentro do meu vício, né? O que poderia acontecer se eu parasse dentro do filme tal?”. O k-drama te envolve a partir dos mesmos pontos que existem em qualquer série coreana com uma ideia inovadora, com esse fato de que Claire como uma pessoa normal consegue mexer os pauzinhos e mudar o rumo da história.

    Um detalhe importante é que a série tem aquele ar americanizado na direção e roteiro, mas acredito que isso não quebra nada a imersão da trama. Talvez você possa ter se perguntado sobre ser uma série americana e não coreana. Há uma mescla sim entre os dois tipos de drama aqui (não conheço muito de drama americano), mas vejo apenas o drama coreano se destacar por causa das ações dos personagens.

    E palmas para interpretação de Liv Hewson! Ela me representou muito bem quando estou imersa em uma história e as coisas não acontecem do jeito que acho que deveria ser: discute com a trama, chama os personagens de burros quando não fazem o que deve ser feito e fica muito perplexa quando revelações bombásticas acontecem! Acredito que deve representar muitos, não?

    Para terminar, umas palavras para Claire: todos nós somos personagens principais das nossas próprias vidas. Cada um de nós possuiu aquela ficha de personagem com as qualidades, defeitos e backgrounds, sendo o mais importante  é encontrar aquele esperado final feliz. Pra isso a gente precisa viver a vida como um drama. 😉

    É uma ideia muito bacana. Vale a pena conferir mesmo pra quem está acostumado com aquela trama já consagrada ou pra quem quer começar entrar nesse universo dramático asiático. Ótimo trabalho dos produtores! Estão de parabéns pela bela sacada.

    E claro, deixa aquele gostinho para uma segunda temporada. Acham que vai rolar?

FICHA TÉCNICA

Nome: Dramaworld

Roteiro: Josh Billig e Chris Martin

Direção: Chris Martin

Gênero(s): drama, romance, comédia, fantasia

Número de episódios: 10

Estrelando:

• Liv Hewson – Claire

 

• Sean Dulake – Joon Park

 

• Justin Chon – Seth

 

• Bae No-ri – Seo Yeon