Cores em sua memória infinita

Um pouco mais distante de qualquer tipo de humanidade, ele observava o que queria ser. Em seu pensamento, apenas uma única vontade. Na sua eternidade, nunca nada lhe agradou mais do que as cores. Todas, as dos animais que o rodeavam era finitas e era isso que achava perfeito.

O mundo grande, de uma ponta a outra, nada era empecilho para mais uma caminhada. Só que ali, entre aqueles pequenos insetos, era sempre onde descansava outra vez. Um dia tinha muitas árvores e animais, outro madeiras e não muito depois, casas e cercas.

Os humanos não eram seu problema, também os adorava. Como eles mudavam e faziam cores, acompanhou todos os seus progressos. Os humanos também eram como os insetos e outros animais. Com o tempo, descobriu que existiam certos lugares onde eles mesmos se enterravam; outros, os colocavam em grandes fornalhas e apenas pó saía de lá. O mais bonito de se ver, era quando iam parar em barcos flamejantes em alto-mar, mas sempre a vida se acabava do mesmo jeito.

Só que sempre se manteve escondido. Ouviu certa vez que era estranho raposas terem mais do que uma cauda e parecia que agora, estava lhe nascendo a décima. A sensação é a mesma de antes, só que um pouco mais dolorida. A única coisa que queria era que sua vontade se realizasse. E retornou para o lugar que acredita ser sua casa, observando tudo que amava, desejando que sua vida fosse pequena para poder eternizar aquelas cores em sua memória.

 

Texto feito em aula para avaliação da disciplina Escrita Criativa: Fundamentos – PUCRS.
Créditos da imagem: Gregory Crewdson – Natural Wonder (1991)
Fernanda Batista
Fernanda Batista

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